sexta-feira, 16 de maio de 2014

Os principais elementos históricos que constitui a passagem de Conselheiro por Maceté e o desenrolar do Combate

Por Bruno Maceté

Fiz esse esquema simples pra tentar organizar os principais elementos históricos que constitui a passagem de Conselheiro por Maceté e o desenrolar do Combate, para uma melhor compreensão.

Para entender o Combate de Maceté de forma ampla dentro do contexto social e político da época, é necessário que a contextualização se faça de forma acentuada também com um viés sociopolítico, buscando os enlaces cruciais envolvidos no contexto da trajetória do Beato e não apenas do ponto de vista histórico reducionista como costumamos ver. O combate não se trata apenas de uma luta sangrenta isolada como alguns escritores costumam citar, esses geralmente não buscam entender as relações para além do ato do dia 26 de maio de 1893, ou seja a luta em si.
Existe toda uma disputa política ideológica no recente Brasil republicano e que é crucial para entender as relações na Bahia e consequentemente no sertão conselheirista fortemente agrário dominado pelas oligarquias e sobre forte influência da igreja católica.
Para que possamos ter o entendimento claro sobre o Combate de Maceté, traremos como marco inicial de analise a passagem de Antônio Conselheiro no mês de abril por Natuba, atual cidade de Nova Soure onde ocorre ato de rebeldia resultando na quebra de tabelas de cobranças de impostos e que vai resultar em perseguição policial, gerando o encontro e o combate em Maceté em 26 de maio de 1893. Segundo a renomada historiadora Consuelo Novais “o choque de Maceté causou surpresa e despertou o medo. O ímpeto guerreiro dos conselheiristas feriu as mentes dos fazendeiros”. A fala de Novaes mostra que a demandada dos soldados e a derrota em Maceté resultou em pânico por parte das oliquarquias políticas agrárias e conseqüentemente o crescimento do grupo conselheirista.


Segundo o mestre Calsans após a vitória conselheirista em Maceté surge por parte da figura do Barão de Geremoado a cobrança do Estado em enviar nova tropa policial de Salvador a qual foi composta por 80 policias que retornaram de Serrinha, desistindo não se sabe por quais motivos.
Então o choque em Maceté não se trata apenas de um ato isolado na trajetória conselheirista, Calasans coloca que o bom êxito das hostes de Antonio Vicente animou os partidários, que ocorreram de vários pontos, dispostos a todos os sacrifícios. Em pouco tempo, a imprensa noticiava que cerca de duas mil pessoas haviam tomado a direção de Canudos acompanhando o messias.
Nas palavras da professora Consuelo “só após o choque de Maceté é que as forças políticas e fazendeiros passaram a manifestar temor em relação a vizinhança de Conselheiro.
O certo é que o Combate de Maceté é crucial na trajetória de Antônio Conselheiro, é o momento em que a sua vida de peregrino tende a se encerrar, é a ruptura definitiva com a peregrinação é um momento onde se demonstra a sua inconformidade com o que a republica representa diz o professor Manoel Neto, após Maceté o beato percebe que as forças repressivas da elite agrária, do Estado e Igreja Catolica tendia a aumentar, então parte para Canudos chegando no inicio de junho e não mais sai de lá até o termino do massacre em 5 de outubro de 1897.
Esse preâmbulo se faz importante para que percebamos como se constitui politicamente um ambiente propicio ao combate e suas relações. Agora partimos a entrar nas questões especificas referentes ao combate e como o mesmo ocorreu em Maceté para que se tenha melhor conhecimento.
• PERSONAGENS PRESENTES NO COMBATE EM MACETÉ
Dos participantes existe quatro personagens conhecidos na história são eles o já conhecido Antônio Conselheiro, João Abade que era o líder guerrilheiro comandante tropa conselheirista tendo grande papel durante a guerra.

O senhor Severiano Bispo da Silva, popular Viana morador da região de Maceté que recebeu Conselheiro em sua casa local do Combate.

Luis Marancó desconhecido morador da região e vaqueiro da fazenda do senhor Passinho


• POLICIAIS PARTICIPANTES E MORTES

Segundo Calasans participaram na faixa de 35 policiais comandados pelo Tenente Virgilio de Almeida além de centenas de sertanejos liderados por João Abade.

No livro os Sertões, Euclides da Cunha reproduz uma fala de Conselheiro onde ele diz que houve mortes de ambos os lados, os números são controversos, porém outros estudiosos afirmam mortes de ambos os lados, porém sem números exatos, dizem três soldados mas não sabe-se sobre os conselheiristas. 


• 26/05/1893 O DIA DO COMBATE

Segundo a memória popular e a história oral de alguns moradores de Maceté, quando a população da redondeza soube que o Beato estava na casa do Viana, todos se foram para lá, pois haveria rezas e novenas a noite.

As orações ocorriam quando a polícia chegou, dizem que os policiais esperaram terminar quando atacaram, o clima de tensão foi grande, sertanejos armados com foice, facão e espingardas de caça lutaram contra soldados fortemente armados.

Logo após o combate Conselheiro parte para Canudos, dizem que algumas pessoas da região de Maceté o seguiram.

• ONDE ESTÁ O COMBATE DE MACETÉ? LITERATURA, ARTES PLÁSTICAS, MUSICA ENTRE OUTROS
Livro- Os sertões de Euclides da Cunha
Livro- Só Deus é Grande de Alexandre Oten
Livro- Cartas para o Barão de Consuelo Novaes Sampaio
Estudiosos Renomados, Jose Calsans, Manoel Neto,Consuelo Novais

Algumas musicas cantadas por - Fabio Paes, Gereba,Marcos Canudos,
Pinturas de Trípoli Gaudenzi
Cordel de Antônio Barreto
Cinema- Paixão e Guerra no sertão de Canudos por Antônio Olavo
Maceté Memórias da Terra e do Povo-Bruno e Danilo

O combate é citado em matéria da Rede Globo exibido no Fantástico e Jornal da Globo em 1997
Henrique Valentin entrevistado pra revista Veja sobre o Combate em 1981

Tal episódio coloca Maceté como privilegiado nesse contexto, história que necessita ser apropriada pelos cidadãos, história protagonizada por irmãos e irmãs  sertanejos, lutaram em busca de dignidade e essa luta travada no passado é força motriz que inspira filhos no presente.

NOTAS IMPORTANTES 

• Sobre a passagem por Maceté: Calsasans diz ao contrário do que Euclides da Cunha escreveu, penso que o Conselheiro não escolheu um lugar estratégico para se instalar. Ele iria para Canudos a fim de benzer a Igreja de Santo Antonio. Foi um acidente de percurso.

• Em artigo Calasans diz: Em maio de 1893, pouco antes do combate de Masseté, no município baiano de Tucano, onde os conselheiristas enfrentaram e venceram uma tropa da polícia baiana, o Dr. Salomão de Souza Dantas, promotor público em Itapicuru,encontrou o Bom Jesus na fazenda Olhos d'Água. A propósito do inesperado encontro, disse o Dr. Salomão: “O mulherio constituía, então, a parte mais numerosa do pessoal fanático, podendo ser calculado em dois terços do bando que acompanhava o Conselheiro. Em Olhos d'Água, este disporia,aproximadamente, de cem a duzentos homens de combate, com os quais fez a proeza de Masseté, ganhando, daí em diante, prestígio e poderio incalculáveis em todo o sertão da Bahia e Estados limítrofes”. O bom êxito das hostes de Antonio Vicente animou os partidários, que ocorreram de vários pontos, dispostos a todos os sacrifícios. Em pouco tempo, a imprensa noticiava que cerca de duas mil pessoas haviam tomado a direção de Canudos acompanhando o messias.

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