Dois prefeitos
baianos, que eram considerados foragidos, se apresentaram na
Superintendência Regional de Polícia Federal na Bahia na manhã desta
quarta-feira (14). Além deles dois, mais quatro pessoas que estavam
sendo procuradas também se apresentaram hoje na sede.
Até a noite de ontem, 19 pessoas já haviam sido
presas durante a operação 13 de Maio, que desarticulou uma quadrilha
composta por 153 funcionários públicos (entre eles, 28 agentes
políticos) e empresários.
Usando empresas de fachada, o esquema desviou pelo menos R$ 70 milhões do erário. Os prefeitos que cumpriram o mandado de prisão
temporário hoje foram o prefeitos de Fátima, José Idelfonso Borges dos
Santos, e de Sítio do Quinto, Cleigivaldo Carvalho Santarosa, ambos do
PDT.
Quatro mandados de prisão, dos 29 expedidos, ainda não foram cumpridos. O grupo que se entregou nesta quarta ficará preso por cinco dias; sendo que a prisão temporária poderá ser prorrogada por mais cinco.
Ao
menos 20 municípios foram lesados pela quadrilha, que desviou mais R$
70 milhões dos cofres públicos usando a estrutura administrativa de
prefeituras baiana. As investigações da PF, iniciadas em 2008, apontam a
existência da organização criminosa há mais de uma década, composta por
agentes públicos e empresários.
Eles atuavam com a finalidade de desviar recursos públicos oriundos principalmente da conta do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), além de outros de origens federal, estadual e municipal.
De acordo com as investigações, o grupo utilizava empresas de fachada e laranjas contratados para a realização de serviços de engenharia, de transporte escolar, construção e reforma de escolas e realização de eventos sociais.
No entanto, os serviços não eram prestados, ou eram
apenas parcialmente realizados, e parte da verba, ou o valor integral,
era repassada para as contas pessoais dos envolvidos.
Nomes
Entre os acusados de participar do esquema de
corrupção estão seis ex-prefeitos, que tiveram a prisão temporária de
cinco dias decretada.
São eles: Osvaldo Rubens Nascimento (Fátima) e Manoel Messias Vieira (Fátima), Manoel Alves dos Santos (Água Fria), Ailton Souza Silva (Ipecaetá), José Messias Matos Reis (Novo Triunfo), além de um sexto nome não revelado.
Os vereadores José Wilson (Fátima), José de Jesus Souza (Fátima), Francisco Borges (Fátima), além dos secretários municipais Alan Oliveira Santos (Fátima), José Roberto Nascimento (Fátima), Grivaldo (Fátima), Antônio Ramiro (Água Fria) e Fabiana da Silva Gomes (Banzaê) também devem ir para a cadeia, segundo determinação da Justiça Federal.
Os vereadores José Wilson (Fátima), José de Jesus Souza (Fátima), Francisco Borges (Fátima), além dos secretários municipais Alan Oliveira Santos (Fátima), José Roberto Nascimento (Fátima), Grivaldo (Fátima), Antônio Ramiro (Água Fria) e Fabiana da Silva Gomes (Banzaê) também devem ir para a cadeia, segundo determinação da Justiça Federal.
Edson Brito, ex-vereador de Banzaê, que chegou a presidir a Câmara Municipal
e foi candidato derrotado à prefeitura nas últimas eleições, foi preso
em Brasília ontem. Além dos mandados de prisão temporária, foram
expedidos 83 mandados de busca e apreensão.
A Justiça determinou, ainda, o afastamento cautelar
de sete pessoas de suas atividades profissionais, inclusive de funções
públicas ocupadas.
De acordo com a PF, as verbas desviadas foram gastas
na compra de fazendas, mansões, gados e empresas. Por conta disso, a
Justiça determinou também o sequestro de bens, entre os quais, veículos,
embarcações, joias, valores em espécie e o bloqueio de recursos financeiros dos suspeitos.
No total, 153 servidores públicos são investigados (28 deles, agentes políticos).
Os envolvidos irão responder por improbidade administrativa, fraude em licitação, crime de responsabilidade (por parte dos prefeitos), peculato, uso de documento falso, organização criminosa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária e previdenciária.
Os envolvidos irão responder por improbidade administrativa, fraude em licitação, crime de responsabilidade (por parte dos prefeitos), peculato, uso de documento falso, organização criminosa, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e crimes contra a ordem tributária e previdenciária.
Berço
Segundo a PF, o esquema de desvio de verbas nasceu
no município de Fátima. Em 2001, por meio de um sorteio, a
Controladoria-Geral da União (CGU) detectou irregularidades nas contas
da cidade. Foi aberto um processo de investigação e, durante a tramitação, em 2008, foram constatadas novas irregularidades.
“Foi desviado do município R$ 299 mil, referente à parte do Fundeb. Essa quantia é um saldo que restou de obras do governo federal
e que devia ser uma bonificação aos professores”, informa Adilmar
Gregorini, chefe de CGU na Bahia. “Os professores deveriam receber de
tributos R$ 1.200 e receberam R$ 147. A diferença de valor foi embolsada
pelo prefeito e secretários da época”, complementa Gregorini.
No comando das investigações, o delegado José
Nogueira, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da PF,
disse que Fátima era o município onde se concentrava a maior movimentação financeira da organização criminosa.
“Isso porque existe um grande número de empresas de faixada. Então, foi feita a quebra do sigilo bancário e interceptação telefônica e foram identificadas movimentações bancárias incompatíveis com a atividade da empresa. Algumas nem funcionavam”, explica o delegado.
Segundo Nogueira, a organização utilizava uma
“conta-hospedeira”, o que facilitou as investigações. “Todo dinheiro
gerado do esquema era depositado numa conta-hospedeira, de uma pessoa de
confiança do prefeito, e depois repassada para a própria conta pessoal
do prefeito, vereadores e secretários”, explica o responsável pelas
investigações. Segundo ele, a “conta-hospedeira” seria de um ex-prefeito
de Fátima, cujo nome não foi revelado porque o processo corre em
segredo de Justiça.
Ainda de acordo com Nogueira, o grupo que atua em
Fátima acabou tendo ramificações em outras cidades baianas. “Ficamos
impressionados em relação ao número de empresas de fachada em Fátima. O
que sabemos é que aquela organização que atuava em Fátima teve o poder
de atuar em outros municípios e interagir com essas organizações”,
elucida, acrescentando que o número de cidades investigadas pode
aumentar com o desenrolar das apurações.
Empresas
Ao todo, 33 empresas estão na mira da Polícia Federal
por conta das suspeitas de fraudes financeiras. A maioria é formada por
construtoras contratadas para levantar ou reformar escolas públicas,
como a AML Serviços e Empreendimentos Ltda, com sede no Edifício Cidade
de Aracaju, no bairro do Comércio, em Salvador.
De acordo com a PF, a empresa recebeu, em 2009, R$
13 milhões da prefeitura de São Francisco do Conde, para a construção de
duas escolas. “Mas, até agora, nenhuma delas foi construída”, aponta o
delegado José Nogueira.
Além da AML Serviços e Empreendimentos Ltda, a PF
revelou o nome de outras nove empresas. São elas: DLIXT Construtora, HB
Construtora Ltda, Josefina Furacão Produções de Eventos, M. Filho
Transporte Ltda, Primazia Construtora Civil, PSSA Construtora Civil
Ltda, Santos Filho Transportes e Construções Ltda, União Brasil
Transportes, Zuêra Organização e Produção de Espetáculo.
Operação
A operação foi deflagrada por volta das 6h de ontem,
em 26 municípios baianos, além de Aracaju (SE) e Brasília (DF). Cerca
de 400 policiais federais, com o apoio de 45 servidores da CGU e 45 da
Receita Federal participaram da execução da operação 13 de Maio, em
cumprimento dos mandados de prisão, busca e apreensão.
Doze pessoas foram levadas para o Presídio Regional
de Feira de Santana, a maioria do município de Fátima. Entre eles, está o
secretário de Educação da cidade, Cidney Andrade, juntamente com sua
mulher, Maria Iva Rodrigues de Carvalho, além do ex-prefeito Osvaldo
Ribeiro Nascimento e o filho, José Roberto Nascimento, secretário de
Finanças de Fátima.
Além da prisão do vereador de Banzaê, na capital
federal, outra prisão da Operação 13 de Maio também foi realizada fora
do estado, em Aracaju. O nome do suspeito não foi divulgado.
Documentos, computadores, celulares e outros equipamentos foram apreendidos pelos federais.
Além de Fátima, foram identificadas irregularidades em Heliópolis, Ipecaetá, Aramari, Banzaê, Ribeira do Pombal, Sítio do Quinto, Água Fria, Novo Triunfo, Itiruçu, Ourolândia, Santa Brígida, Paripiranga, Itanagra, Quijingue, Sátiro Dias, Coração de Maria, Cícero Dantas, Lamarão e São Francisco do Conde.
Correio da bahia
Além de Fátima, foram identificadas irregularidades em Heliópolis, Ipecaetá, Aramari, Banzaê, Ribeira do Pombal, Sítio do Quinto, Água Fria, Novo Triunfo, Itiruçu, Ourolândia, Santa Brígida, Paripiranga, Itanagra, Quijingue, Sátiro Dias, Coração de Maria, Cícero Dantas, Lamarão e São Francisco do Conde.
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