quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Vitimas da barbárie em Canudos: As prisioneiras

Foto de Flávio de Barros
Leitura imagética.


Quatrocentas prisioneiras, mulheres idosas, crianças e moças, todas elas com um mesmo sentimento: dor. Mal vestidas e sem um pingo de vaidade, aliás nada disso importava mais. Faltava batom em suas bocas assim como alimento. Seus cabelos emaranhados com a confusão. Em suas peles não haviam o cheiro da rosa, era o cheiro da perda e da dor que impregnava as suas roupas. Em suas unhas, sujeira, restos de uma guerra sangrenta, guerra essa que nunca teriam fim em suas memórias. Eram quatrocentas mulheres, todas elas com a alma despida. Donas de um olhar pesado, cansado, amedrontado, ferido. Donas da dor da perda. A perda de seu lar, de seus companheiros. Ali estavam mães sem seus filhos, filhos sem as suas mães. Famílias quebradas ao meio sem nenhuma piedade. As facas degolavam as suas almas e pouco a pouca a chacina acontecia no peito de cada uma. O que dizer daquelas crianças? Queria eu poder coloca-las em meus braços e faze-las esquecer de que o mundo as via como loucas só por sonhar. Todas elas assustadas e sem esperança de que o dia para eles poderiam raiar. As lágrimas lavavam os rostos dos pequenos, levando embora a pureza e a liberdade que um dia a elas pertenceu. E lá atrás podemos avistar soldados atordoados com o gemido das almas que ali se perderam.


Ana Clara, Canudos!

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