domingo, 1 de dezembro de 2013

O PT e o sucessor de Jagues Wagner

Por Samuel Celestino:
 
Como era de se esperar, a candidatura ao governo baiano pelo PT ficou com Rui Costa, noviço em política, embora militando de há muito no seu partido e de ter participado, ativamente, do governo Jaques Wagner, especialmente com a troca da chefia da Casa Civil que, com a saída de Fernando Schmidt, o cargo foi a ele confiado Tratava-se, na designação para a Casa Civil, do início do projeto de Wagner para fazê-lo candidato. No posto, funcionou como gestor e passou a conhecer os municípios interioranos, porque assumiu as principais questões da administração estadual. É afável no trato, mas a sua escolha feita exclusivamente por Wagner, criou sérios problemas envolvendo dois outros pré-candidatos, Walter Pinheiro e José Sérgio Gabrielli.    
 
Não se sabe ao certo como o partido está por dentro, no que pese a reunião-festa de sexta feira. Mas é visível que a palavra do governador foi determinante, como ele próprio demonstrou ao anunciar a sua preferência dois dias antes da data marcada para o anúncio, que deveria ter sido feito ontem, sábado. Wagner fez com Rui o que Lula fez com Dilma. Escolheu e encerrou o assunto.
 
O governador, desse modo, afinal colocou os pontos no “iis”e abriu o jogo, sem esperar pelo partido, numa entrevista à rádio Metrópole. Posteriormente, deu outros passos para colocar a sua decisão às claras, através da rede social. Em outras palavras, lembrando Vandré, ele fez a sua hora, não deixou o fato acontecer. Pelo sim, pelo não, para não gerar problemas no encontro marcado pelo diretório regional do partido, definiu antes. Isto gerou depois uma entrevista dura de José Sérgio Gabrielli e do senador Walter Pinheiro, este na rádio Tudo FM. O pensamento que expressou na entrevista, Pinheiro na tarde de quinta-feira amplificou, oficializando também a sua posição com o jargão “com que roupa eu vou à reunião do PT”, da tribuna do Senado, na quinta feira à tar de, fez um discurso sobre o assunto, sendo aparteado por alguns senadores que o aplaudiram. Ainda lembrou-se da lista de Schindler. Quis dizer com a imagem do “com que roupa” algo como de que forma iria à reunião do partido, já que tudo fora precipitadamente decidido exclusivamente pelo governador. Coisas da política.
 
O favoritismo do governador por Rui era segredo de polichinelo. Foi, no entanto, inesperada a sua antecipação em dois dias, na medida em que se presumia, porque assim estava marcado, que tudo aconteceria neste sábado, dia 30. Pinheiro chegou a dizer que Rui poderia ser o candidato de Wagner, mas ele preferia ser “o candidato da lista do PT”, embora ele soubesse que não seria bem assim, porque não será interessante o partido se dividir, embora o governador tenha dito, no seu instagram, que “o PT é um partido diversificado, mas que prima pela unidade”. De certo modo, uma legenda que abriga diversas correntes, ou tendências, que não pensam de forma idêntica, está sempre em luta interna, mas fica unida para o publico eleitor em torn o de princípios ditados pela cúpula da legenda. Manda quem pode.
 
O PT baiano está convulso, a exemplo de um rio que parece sereno na superfície embora suas águas submersas estejam em movimento em consequência das correntes. Creio que é a melhor imagem que posso oferecer sobre o estado de espírito dos petistas que, embora, a princípio, possa transparecer traquilidade, por baixo estão em reboliço com os acontecimentos. O que, aliás, já era previsível como, deste espaço, várias vezes foi acentuado que o partido lançou seus pré-candidatos muito cedo, escolhendo quatro nomes para, dentre eles, escolher um. De qualquer maneira, a precipitação gerou, como estava escrito que geraria, inconformismos internos que chegaram também à superfície. Não há, a essa altura, unidade petista. Há, sim, a diversificação de pensamentos políticos , interesses que não se coadunam porque na Bahia não há um líder onipotente, como também em outros estados, que se ponha acima do partido. Aliás, o PT é um partido de um só líder: Lula. E ponto final. A legenda não é plural, ela obedece ao que Lula diz e somente a ele. Inclusive Dilma Rousseff, que é presidente, mas não lidera, a não ser quando distribui cargos que, na República, existem a mancheia. Aliás, Jaques Wagner disse, e eu não entendi o significado, “que Dilma gosta dele (Rui).”  E daí? O que escrevi acima é a análise dos fatos como eles aconteceram porque, ao jornalista tanto faz Rui, como Pinheiro ou Gabrielli. O jogo foi jogado da forma como foi posto. Prevaleceu, no entanto, a tese da unidade e os pré-candidatos que ficaram à margem, Walter Pinheiro e Gabrielli, abraçaram Rui como candidato do partido. Dois mais dois deram quatro e não cinco. Toca o bonde. Ganharam então Rui Costa e Jaques Wagner.
*Coluna de Samuel Celestino publicada no Jornal A Tarde deste domingo (1º).

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