quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O FOGO DO VIANA OU COMBATE DE MACETÉ











 Por: Bruno Maceté

O fogo do Viana ou combate de Maceté, é  um marcante combate que foi caracterizado como o primeiro confronto armado, entre conselheiristas e as forças policiais republicanas, que posteriormente resultou na conhecida Guerra de Canudos, ou “Massacre de Canudos” (1896-1897) onde foram mortos quase todos os sertanejos e  a cidade de Canudos totalmente destruída.

Depois de percorrer por vários anos o sertão baiano, Antonio conselheiro chega a Maceté, junto com seus seguidores no dia de 26 de maio de 1893. Caminhavam vindos de Natuba, atual cidade de Nova Soure, palco de  movimentos rebeldes  liderados por conselheiristas, os quais quebraram as tabuletas de impostos onde estavam descritos os valores dos tributos a serem pagos por comerciantes e agricultores, conforme decreto do  Governo Republicano. Depois desse episódio a polícia baiana, a Igreja Católica e os latifundiários, começam a intensificar a perseguição aos conselheiristas, onde é enviando uma tropa de Salvador formada por 30 policiais e 1 tenente, como descreve Euclides da Cunha.
 
A tropa alcançou- os em Maceté, lugar desabrigado e estéril entre Tucano e Cumbe, nas cercanias da serras do Ovó. As trinta praças, bem armadas, atacaram impetuosamente a turba de penitentes depauperados, certas de os destroçarem à primeira descarga. Deram, porém, de frente, com jagunços destemerosos. Foram inteiramente desbaratadas, precipitando- se na fuga, de que fora a dar o exemplo o primeiro comandante. [...] (Cunha,2001,p.183).

Chegando em  Maceté  todos os conselheiristas  se hospedaram na casa de um senhor chamado Viana, morador do lugarejo, local onde constumeiramente passavam quando  estavam no vale do Itapicuru. Grande parte da população da região, sabendo que o Conselheiro se encontrava na casa do Viana, muitas pessoas se deslocavam para  ouvir suas pregações e escutar os  seus conselhos. 

A tropa chega a Maceté pronta para atacar a população que ali encontrava. Era noite do dia 26, os sertanejos estavam rezando uma novena, todos concentrados nas suas orações, os soldados então esperaram a reza chegar ao seu término para atacar o Beato e seus adeptos,  como afirma a  Professora Maria Soledade, que reside em  Maceté. 

Os conselheristas  liderados por  João Abade, filho daquela região, armados de cacete, facão, espingarda e  foice, armas muito usuais entre os sertanejos. Depois de algumas horas de luta e derramamento de sangue, as tropas do governo não resistem ao combate e fogem vergonhosamente sertão adentro. Dias depois do entrevero chegam a Tucano alguns soldados e um tenente sem parte dos seus pertences. Alguns soldados foram feridos depois do confronto e saem perdidos dentro da caatinga, onde um deles caiu e morreu afogado no rio Maceté, como afirma Sr Manoel Costa, morador do Povoado, o mesmo fala que na hora do combate, Antonio Conselheiro fez um circulo e disse: “quem estiver dentro deste circulo não morre”. Algumas pessoas se mantiveram dentro e nada aconteceu,afirma-o.

Depois deste combate, Antonio Conselheiro percebe que o cerco está se fechando, e  resolve  sair do vale do Itapicuru por onde ele costumava andar,  andando pelo sertão chegam  à Canudos em junho de 1893, rebatiza o lugarejo  de Belo Monte,  e inicia a construção da cidade que viria a ser uma das maiores da Bahia.

Esse episódio importante para a história da Bahia e do Brasil que antecede o grande massacre em Canudos, marcou Maceté, eternizado nas páginas do clássico literário “OS SERTÕES”, obra do escritor carioca Euclides da Cunha, como em outras dezenas de obras sobre o tema, a exemplo do belo documentário “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, de Antonio Olavo, e também  nas Músicas cantadas por Fábio Paes e Gereba.


Referências Bibliográficas:

CUNHA, Euclides da.Os Sertões.Coleção Descobrindo os Clássicos.Rio de Janeiro.RJ:Record,2001.

MACETÉ- MEMÓRIAS DA TERRA E DO POVO,DVD. Direção de Bruno Maceté e Danilo Umbelino.Salvador,2010.
 
PAIXÃO E GUERRA NO SERTÃO DE CANUDOS,DVD.Direção de Antônio Olavo.Salvador:Portifolium Laboratório de imagens,1993.
 
Antonio Conselheiro. 26 de maio de 1893 :Disponível em http://www.portfolium.com.br/Sites/Canudos/lista.asp?Pag=2&IDSecao=22. acesso em :20 de jan. de 2011

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal Bruno.. parabens.. é importante conhecermos mais a nossa história.. e vc tem feito isso..

valeu

Anônimo disse...

Interessante.. não sabia que tibha sido assim... é muito importante..pra história local..

Grande.. Bruno

Vagner Rego disse...

Importante regaste histórico, Bruno. Espero ler outras histórias como essa trazidas por você. Valeu

Anônimo disse...

Legal.. importantissimo ter esse resgate..histórico


Ruy

Anônimo disse...

Legal.. parabens!!