quinta-feira, 15 de março de 2012

Reflexões sobre os 50 anos de emancipação de Quijingue

 Por: Jarbas Almeida
 
 
 
Quinze de março de 2012. Hoje Quijingue completa seu cinqüentenário de emancipação política. Mas, o que significa isso? Por que temos que comemorar? Há o que comemorar? As respostas de tais perguntas são inalcançáveis, mas questionar nos ajuda a refletir. 

Contexto político estadual

Entre os anos de 1959 e 1963, o governo do Estado da Bahia era chefiado pelo general Juracy Magalhães, governador eleito em 1958 pelo partido conservador União Democrática Nacional – a famigerada UDN. Esse período foi caracterizado na história do Estado como o que mais criou municípios. Entre 1961 e 1965 foram emancipados 130 municípios na Bahia, sendo que só no mês março de 1962 foram quatro, além de Quijingue. A criação de novos municípios ajudaria a oligarquia política de Juracy Magalhães construir uma renovada base eleitoral.

Um pouquinho de história

Há meio século, o então governador da Bahia, Juracy Magalhães, assinava a Lei Estadual nº 1.640/62 , que desmembrava do Município de Tucano o antigo distrito conhecido por Triunfo, elevando-o à categoria de cidade que passou a se chamar Quijingue. A emancipação política era uma reivindicação local e sem dúvida representou uma grande conquista para os quijinguenses. 

Jonas Rocha e a primeira (e única) alternância de poder (1962-1966)

O primeiro prefeito municipal, após a emancipação de Quijingue, foi o escrivão Jonas Rocha, que por trabalhar no Cartório do antigo distrito, conhecia e era conhecido por grande parte da população. A recém criada Prefeitura, contudo, não tinha sequer sede. Ao escrivão do cartório, Jonas Rocha, coube estruturar e constituir os órgãos administrativos e decisórios do Município. Fez um necessário mandato burocrático. Na eleição de 1966, tentou fazer seu sucessor João Ferreira de Maceté (ver entrevista com Seu Bernardo http://quijinguecom.blogspot.com/2011/02/quijinguecom-entrevista-sr-bernardo.html), mas foi derrotado pelo comerciante Felisberto José da Silva. A história nos mostra que essa foi a primeira e única alternância de poder no executivo municipal.

A hegemonia de Felisberto da Silva (1967-1996)

A partir de então, Felisberto criaria em torno de si um regime político hegemônico que o manteria no poder por três décadas, ora com prefeito, ora como cacique político. Foram quatro mandatos como prefeito (inclusive com um mandato de seis anos, entre 1983 e 1989) e três sucessores. O poder da “máquina municipal” e sua aliança com o governo estadual (notadamente com o carlismo) sustentariam seu poderio até a década de 1990. 

Passando o bastão

Em seu quarto mandato (1992-1996), Felisberto da Silva fez seu último sucessor, o médico Joaquim Manoel dos Santos. Tudo seguia seu rumo até que os ventos da nova República sopraram em Quijingue e abalaram os planos de Felisberto. Em 1997, FHC fez aprovar a lei de reeleição, que passaria a vigorar nas eleições de 1998, para Presidente, e nas eleições municipais de 2000. A história mudou seu curso e alteraria a correlação de forças no município, com clara desvantagem para o poderoso Felisberto da Silva. Assim, por ironia do destino, a história política de Quijingue tratava de passar o bastão do poder.

A hegemonia de Joaquim M. dos Santos (1997-?)

Em 2000, o Sr. Felisberto da Silva se aliaria a seu arqui-rival, Naydson Brito, mas seriam derrotados pelo prefeito reeleito, Joaquim dos Santos. Eis o nascimento do novo cacique. Em 2004, Joaquim elegeu como seu sucessor, o comerciante Reinaldo Oliveira, que por sua vez devolveu a administração da prefeitura municipal ao médico e atual prefeito Joaquim dos Santos, em 2008.

Moral da história 

Em 50 anos, a história política de nossa Quijingue assistiu a “máquina municipal” eleger todos os chefes do executivo municipal, com exceção do Felisberto em 1966. Em cinco décadas, Quijingue assistiu apenas a uma alternância do executivo e uma mudança no poder político, que aconteceu por simples capricho da história. 

Mas, afinal, estamos emancipados politicamente?

Meio século depois da assinatura de Juracy Magalhães, nos colocamos a refletir se não é hora de realizar uma verdadeira EMANCIPAÇÃO POLÍTICA.
 
Pesquisei no:quijingue.com

Um comentário:

Anônimo disse...

Por: Bruno Maceté

‎"Emancipar" signifiado segundo dicionário seria, libertar, tornar se Livre,
em outras palavras poderiamos dizer que seria a condição e capacidade de uma sociedade se desenvolver socialmente sem que seja sufocado ou amarrado por um detemirnado sistema autoritario e opressor.
acho que Quijingue, ainda precisa cortar essas cordas que as amarram e libertar-se de uma vez.. e partir rumo ao desenvolvimento social.