quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sertão baiano poderá se tornar deserto

Dos 417 municípios baianos, 258 estão localizados na região do semiárido, o que corresponde à 62% do território do Estado. Essa região está prevista a se tornar deserto nos próximos 50 anos. As estimativas nada atraentes foram diagnosticadas pelo Coletivo de Pesquisadores (IPCC) em reunião que aconteceu em Salvador, promovida pela Convenção das Nações Unidas de Combate a Desertificação (UNCCD) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Governo do Estado da Bahia. No Estado, entre alguns dos municípios afetados estão: Euclides da Cunha, Uauá, Alagoinha, Abaré, Santa Brígida, Paulo Afonso, Pedro Alexandre, Rodelas, Chorrochó, Jeremoabo, Macururé, Glória, entre outros.


Durante o evento, foram levantadas possíveis propostas e ações de combates e prevenção do semiárido baiano que corresponde à 300 mil km². Dentre elas, o Plano Estadual de Combate à Desertificação, que tem como objetivo reduzir o impacto ocasionado pela combinação perigosa de falta de chuva, mecanização agrícola, solo frágil devido ao mau uso e/ou excesso de insumos químicos e a degradação ocasionada pelo homem.


Este projeto será executado a partir de quatro diretrizes: Mudanças climáticas, Convivência com o semi-árido, Desertificação e Políticas Públicas. Para esta última, já estão sendo feitos contatos com instituições que serão responsáveis em promover oficinas com as comunidades vulneráveis.


AÇÃO CONJUNTA - De acordo com a Diretoria Sócioambiental Participativa do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), antiga Superintendência de Recursos Hídricos e atualmente autarquia ligada a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, "é necessário que as prefeituras do Semiárido busquem, em ação conjunta com os produtores e técnicos agrários, novas tecnologias para manejo do solo, evitando assim o agravamento do processo de desertificação". Pois na Bahia existe ainda uma cultura de utilização de técnicas européias de plantação, o que agrava o manejo do solo, já que o solo baiano é diferente do solo europeu.


A partir da criação do Plano Estadual de Combate a Desertificação, a Ingá está priorizando os quatro municípios que estão sofrendo mais com a desertificação, que são eles: Juazeiro, Jeremoabo, Guanambi e Itatim. O plano, em fase de construção e criação, está sendo feito de forma participativa com as comunidades e irá receber recursos do Governo Estadual e orientação da metodologia através do Ministério do Meio Ambiente.


Para a escritura do plano, a Ingá está recebendo 600 mil reais através do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Esse recurso foi uma ação da emenda orçamentária da União através da bancada baiana no Congresso.


Nos 258 municípios do semiárido baiano, o processo de desertificação tem avançado. De 1991 à 2000, conforme estatísticas do Censo IBGE-2000, a população rural diminuiu em toda a região, passando de 2.210.797 para 1.960.009 habitantes. Além de realizar ações emergenciais no combate à seca, o programa vai mapear todos os recursos hídricos no Estado, incluindo reservas de água subterrânea, e unificar as ações e programas já desenvolvidos por diferentes órgãos da administração estadual.


FENÔMENO CLIMÁTICO - A desertificação é o nome que se dá ao fenômeno climático que torna o solo incapaz para condições de plantio, considerando-se assim, um solo infértil.

A desertificação é um fenômeno que atinge todo o mundo. Diante desse acontecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) promove convenções que fomentam o diálogo entre pesquisadores e cientistas para incentivar ações de combate e prevenção, como esta, realizada na Bahia. Esse problema afeta zonas áridas, semiáridas e semiúmidas.


Em Euclides da Cunha, a maioria dos habitantes vive em áreas suscetíveis a desertificação e estão vulneráveis a possíveis mudanças sociais, caso o fenômeno não seja alterado.


O fenômeno da desertificação atinge 33% da superfície do planeta. As áreas afetadas pelo fenômeno abrigam mais de 2,6 bilhões de pessoas, 42% da população mundial. E cerca de 22% da produção mundial de alimentos é oriunda de áreas suscetíveis à desertificação. No Brasil as áreas sujeitas à desertificação se situam nos nove Estados da Região Nordeste, onde vivem aproximadamente 32 milhões de habitantes. Dentre as áreas do semiárido e as do seu entorno, a Bahia é o Estado que tem o maior número de municípios afetados.


O primeiro registro de desertificação em área agrícola é datado de 1930 no meio-oeste dos Estados Unidos. Ao todo, 388.500 km² foram afetados devido ao desmatamento acelerado e a intensificação da exploração do solo. Pessoas morreram de fome e/ou doenças pulmonares e 350 mil foram obrigadas a abandonar a região em que viviam.


Outro caso grave de desertificação ocorreu entre 1968 à 1974, em Sahel, região da África que fica localizada entre o deserto do Saara e as terras mais férteis da região Sul. Foi lá que cerca de 500 mil pessoas morreram de fome em função de um intenso período de seca que atingiu a base agrícola de Niger, Mali, Alto Volta, Senegal e Mauritânia, região denominada como África Ocidental. Devido ao acontecimento ocorrido em Sahel, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola se tornou uma agência das Nações Unidas promovendo ações de combate e prevenção à desertificação.


Fonte:Tvdocumbe

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